Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Confissões de um cool.chão


foto gamada daqui
Numa cama surda, sobre a nudez dela, ele afigura um ar distante. Ilude a ausência premeditada, aparenta um conforto familiar, não sendo mais que um disfarce a um desalento conhecido.
Ela, sem artimanhas no argumento, beija-lhe o tronco já despido. Abre o cinto e desflora os botão das calças que escorregam céleres, descobrindo um falo pujante e atrevidamente desprotegido. Não usa cuecas.
O corpo dele deixa-se cair sobre o dela e enterraram-se os dois no flácido colchão.  As calças ao fundo das pernas travam-lhe os movimentos, mas com a ajuda dos pés femininos, acabam caídas ao abandono no chão.
Livres de discurso, enrolam-se amortecidos depois da queda naquele metro e meio de largo.
Como quem anseia por folhas brancas onde escrever, ela, inquieta e emagrecida por leitos anteriores, verte ávida de prazer. Ele, tímido assumido, intimida o seu próprio intuito, prende-se em mistérios, desespera por algo que não quer igual, que se quer  sim diferente dum só propósito desejo. 
E correm o corpo um do outro, como quem bebe água gelada em dia de escalda e se lambuza em fatias de meloa fresca. Numa pressa sem esperar fim, amam os territórios da pele, beijam, lambem cada poro atento, que se faz explodir em gotículas de amor salgado. Jorram aromas adocicados num sexo cobiçado.
E a música da vizinhança, encobre os gemidos. Lamentos lavrados a preliminares lânguidos. E ele sorve com perícia o sexo dela, recheia-a de beijos abafados e ventos suaves. E num reboliço muda a direção e ela mete-lo todo na boca, uma boca fervente... ele estica-se esguio, como quem tem cãibras.
Os sexos latejam em clamor à entrada e sem mais esperas penetram. Sustêm a respiração, param o tempo, ali se olham, um olhar colado, revelado da mais pura das vontades, um crepitar de algum querer falado, um dizer que se sabe desejado.
Libidinosos, os corpos encaixados, suavemente balançados procuram o cume do presente do futuro e de algum passado.  O prazer, esse vem jorrado, brilha jubilo de beleza e encanto... cerram os dentes e fecham o olhar, sussurram encostados,
és bom Peter,
és boa Sininho, 
Assinou. Discreto no saber, confessa aquele solitário colchão falante, lá naquela cama, naquele país de Nunca. 

33 comentários:

  1. Gosto da forma intensa como te entregas à escrita... e acredito à vida também

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    1. Utena, obrigada. Sim para mim ou é com intensidade ou não vale a pena :)
      Beijo-te

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  2. mais uma vez rendido a ti... como sempre uma delicia poder ler-te

    beijos timidos

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  3. Delicioso! Amantes que voão bem... bem alto!
    Com ou sem pozinhos milagrosos...

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    1. E como é bom, ainda que, imaginar, ter a proeza na entrega do voar.
      Beijo-te

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  4. Este teu texto fez-me lembrar de um filme que se chama "O Sabor a Melância". É excelente como o que escreveste.

    Skin ' n Under

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    1. :) o sabor da melancia? Desconheço, com pena certamente, deve de ser... envolvente.

      Beijo de meloa ;)

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  5. Fascinas-me!Despertas-me...como sempre!

    :)
    Beijo em ti

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  6. Sensualmente belo. Peter e Sininho.
    Delicioso.
    O maravilhoso mundo da fantasia.


    :)

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  7. Bem... Ainda que não tenhas ideação suicida como ela tinha, nem entres num estado de depressão tal... é óptimo seres uma Florbela (que) Espanca.
    De Flor e Bela já tens, a Espancar nunca te vi
    mas gosto do que escreves, como escreves
    e da forma q sentes o q escreves!

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    1. Sentir o que se escreve é o cume de toda a vontade e envolvência.
      Obrigada meu Foxos
      Beijo eternizado

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  8. Engracado,o meu ultimo post fala do Peter Pan :)
    Este Peter Pan tambem gosta de viver aventuras deste genero,pena não exisitirem muitas sininhos por ai.

    Um dos melhores post da Dona Cabra ! ;)*

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    1. Há a quem não chegue uma só Sininho. Coisas de Peter Pan...
      então beijo ao Shiver.

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  9. nuca mais lho para a historia da mesma forma,,,
    ;)


    beijo.te

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    1. É? Lol
      sim, é certo que desta forma tem outra envolvência, outro en.conto!!!! :9
      Beijo El

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  10. Eu adoro ler.
    Acho fantástica a tua forma de reagir à imagem.
    Deveras impressionante.
    Muito bem escrito e estimulante.
    Deixaste-me a suspirar...

    Sei que sou a fã nº 106 (parece-me), mas sinto-me como a fã nº 1.

    Beijo sexy,
    Ana

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    1. Deixas-me assim sem palavras, resta-me escrever,
      Obrigada
      Beijo

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  11. Ia para comentar...
    ...depois tropecei no video dos coldplay e foram-se-me as palavras...

    :)

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    1. Coldplay, grandioso!
      Bom "saber-te" por aqui, obrigada

      Beijo

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    2. Grandioso?!?

      ...é melhor, então, eu não me pronunciar acerca deles...

      :)

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    3. Então Ulisses, não gostas é isso?

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    4. ...há não gostar...
      ...e depois há a reacção que a música absolutamente formatada que acompanha a voz insonsa do Cris Martin me provoca...

      ...por isso é que fiquei absolutamente sem palavras!

      ...mas gostos são gostos, por isso...

      :)

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  12. mas essa tinha de ser uma fada mesmo grande... ou o Peter era mesmo pequeno ;)

    bj doce

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    1. Na história original era assim como dizes, a Sininho partia a cabeça ao Peter. Aqui não há-de ser muito diferente :)

      Beijo

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  13. neverland...onde as coisas acontecem...

    beijo

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  14. Como sabes tenho andado arredada deste Mundo...ocupada em viver. Mas não posso deixar de dizer que fiquei sem palavras pelo que li. Incrível! Absolutamente!

    Estás no teu melhor Bianca...sobretudo pela melancolia que dança triste nas tuas palavras finais...

    Beijo,

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