Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Rapariga Stanby 2

Acreditou que ele estaria próximo, saiu do duche apressada, correu para o espelho do quarto enrolada na toalha turca com o estojo de maquilhagem na mão.
Atrasara-se nos pensamentos, entre o gel duche que lhe amaciava a pele, com que massajava e cobria as suas curvas bem delineadas, e a viagem que faria no corpo dele. Arrastou os pensamentos ao toque de si, o duche assim o pedia e avançou sem inocência ao prazer da sua vontade. Impressionou-se de si, como se sentia incendiada, aprisionou o desejo entre os dedos da sua mão. A água, essa, corria entre os seios afogando o fogo que lhe incendiava os pensamentos sobre ele, aquele que estaria lá fora a digladiar-se com o monstro do bafo gélido, enquanto ela serpenteava os dedos ao som da chuva aquecida em busca do gemido, do bafo quente contra ao vidro do duche, queimado as gotículas que escorriam para o gargalo rendidas ao impacto de tamanho cobiço.
Ao espelho já espetava as longas pestanas negras e passava o batom, enquanto enfiava sem esforço os sapatos cetim grená que davam o toque de cor à silhueta asa de corvo. O único brinco que usava era um lustre de sala real, cintilava segredos, ocultava passados esplendecentes e agora radiaria caprichos iluminados ao estranho. Os cabelos molhados escreviam linhas na horizontal declarando no vestido brilhante intenções de ser despida e devorada... O som de um motor cansado anunciou chegada, descontrolada e altamente confeccionada não tivera tempo a mais retoques especiais. Tudo o que estava a mais, naquele desarrumo caos, passou a toque de pontapé, limpando as tábuas corridas daquele palheiro, para debaixo da cama virgem, ocultaram-se, refugiaram-se para dar lugar ao que seria palco da peça a estrear.
(Cont.)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rapariga Standby

A voz brasileira da miúda do GPS indicava-lhe o caminho, parecia que ela estava mais à deriva do que ele.

Entardecia, subia a montanha com o carro em esforço e já no cume apresentou-se-lhe o monstro da montanha que respirava certamente de boca aberta, nublando o caminho, desenhando uma névoa com bico de aparo largo no pára-brisas do seu veiculo, um pouco assustador, mas tão excitante de a saber mais próximo...

Ansiava chegar, pela viagem acompanhava-lhe a ideia de se seria uma foda divina, esse pensamento aquecia-lhe a alma e acalmava-lhe a pele eriçada, influenciada pelo manómetro do carro que declarava menos 2 graus.

Apesar da pressa do chegar, via-se obrigado a abrandar, o nevoeiro acentuava-se, um manto imaculado quase opaco ocultava-lhe o caminho. Imaginava-a assim, branca leitosa, suavemente cheirosa, apetecível adocicada. Os seus cabelos seriam finos e suaves, leves de cor de avelã e os seus olhos, esses, imaginava-os azeitonas verdes caídos da árvore por esforço de uma vara. O pensamento rolava-lhe, mas as rodas, essas travaram, não conseguia mais avançar.

Era o inicio do anoitecer, parou onde estava, saiu do carro e enrolou um cigarro apressado pelas mãos que se lhe engessavam pelo frio, acendeu-o e deu um travo profundo, quase o fumou num segundo e soprou, um sopro infindo, maior que a do mostro da montanha. E contemplou, admirou o fumo do cigarro a rodopiar na aragem gélida enlaçando-se ao nevoeiro cerrado, enroscaram-se e beijaram-se, enamoraram-se, deram as mãos e seguiram caminho, soprados pelo vento suave. Sorriu, e viu-se ali, parado, sem enxergar vislumbre, acompanhado pela voz da brasileira que ecoava dentro do carro, “próxima saída à direita”, “próxima saída à...”

Entrou no carro, estava acolhedor, sentiu a sola dos pés a aquecerem lentamente e confiante acreditou que seria capaz com a ajuda da falante, “saia na saída”, virou às cegas, dentro do peito um palpitar agitou-se, um nervosismo hilariante invadira a sua impaciência, esfregava os olhos em jeito de quem cegar vendo nada. Avançou, guiado fortemente pela vontade, pelo desejo de a ter em braços... e o coração era assaltado, numa dúvida vertiginosa, seria apetitosa?

(Cont.)

domingo, 25 de dezembro de 2011

Quem Se Perdeu?

Não se percam por favor, vamos a caminho da noite de final de ano...



...e os meus braços chegam para o abraço do tempo.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Alugada!

Cabra, quero alugar-te.
Vou-te fazer uma proposta que não podes recusar.
No entanto peço que revejas o teu anuncio, em vez de "tiro foto", quero "tiramos fotos juntos".
P.S.: Não dispenso que me digas "Amo-te"
VICIADO

Viciado, como me fazes feliz, dada a crise estou mesmo necessitada!!! Aceito! e até como alento te digo duas vezes AMO-TE!
Manda a proposta para o meu mail!
Feliz Natal e lá nos encontramos... no reivellon???!!!
Cabra Branca

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tira o laço

pronto, depois de bater perna pelas ruas da baixa pombalina encontrei a prenda!!!
Feliz N.a.tal!!!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

encaixa

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

deixa que o beijo dure

Acordo com esta música...

Cantarolei-a durante o dia,

E voltou a mim ao pestanejar em direção ao sono,

E por que razão?

Calma...

não somos mais que uma gota de luz

tudo está em calma

deixa que o tempo cure

deixa que a alma tenha a mesma idade que a idade do céu...

Deixa que o tempo cure e o beijo perdure

Calma...

É com esta dimensão de infinito que adormeço em gracejo de Deus.

Cyclone

...estou aqui, sempre estive, aqui escrevo à espera que me escutes como a uma voz falada. Palavra, palavras, para quê? Tanta palavra, tantas vezes, tantos loopings avançados. Estou aqui, sempre estive, escrevo à espera de que não me falte palavra. Choro e paro, choro por mim, por ti e por todos os que se julgam no dom delas. Palavra? Palavras falhadas, as mais de mil pronunciadas, foram zeros segredados, secretos amaldiçoados, levianas essas tantas vezes faladas. Conta-me sem elas, balança o teu corpo em gestos pré-anunciados, desenha lábios num infinito muro. Palavras? Manifesto contra elas, essas ingratas choronas, palavras babadas, palavras amadas, sim, so often... estou aqui, sempre estive, aqui estou, aqui fico, aqui escrevo as ditas palavras julgadas caber, tantas vezes coladas, tantas vezes elevadas. Palavras? Tão aborrecidas, tão amargamente apodrecidas.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Às tantas

E és “só” uma em tantas.
Em tantas que vi ou no meio de tantas, pedaços de ti vi. Passas por mim, trespassas-me, assaltas-me, atropelas-me e viras-me do avesso, desorganizas, desorientas-me, tiras-me o tapete e olho... Vejo tantas, podes ser tantas, em cada uma vislumbro retalhos de ti. Vira-te! Não, não és tu! Tu também não! Céus... mas onde estão os olhos que me matam, que me fulminam e fazem voar?
Viajo no rubor da tua face, fazes-me provar e sugar os lábios avolumados que me soltam arrepios, que me libertam desta indiferença, deste marasmo. Mostra-te-me!
Preciso-te! Não te quero em tantas, tu que és aquela no meio de tantas! És minha! És aquela... assume-te e deixa-te cair nos meus braços! Vira-te, anda, agarra-me! Não és assim tantas, és enfim só uma.
E hoje é noite de lua cheia.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Uma estrela num barco de pedra

E com esta pequena história fui votada para a final do primeiro concurso LGBT, lançado pelo dedicadíssimo Sad eyes do blog good friends are hard to find.AQUI

Espero que gostem

Atenciosamente,

Bianca

Uma estrela num barco de pedra

A mãe gritara, chamava-a ecoando uma voz branda, vinda do piso inferior... Ivoneeeeee, vem à porta, anda, é a tua coleguinha da escola, ela chegou!
Criança remexida, Ivone intempestiva e inesperada saltou da cama, correu para as escadas. O rabo pelo corrimão deslizou... mas em tamanha excitação deu embate ao desequilíbrio, ninguém calcularia, a frio no chão caía. Ivone paralisaria.
Rita à chegada fora assaltada, a sua amiga ali no chão estava, as lágrimas já ninguém as segurava e a sirena da ambulância assim chegava.
Vinte anos passaram, Ivone sentada ao lado da janela, ali estava, numa casa rasa que lhe servia, não tempestades, ali não as havia e tocadelas de campainha raramente acontecia. Ivone de olhar meigo e perdido, fitava as poças de água de lá de fora, pensava como uma simples pinga de choro as agitaria, mas lágrimas já não escorriam e um pé sim, esse as sacudiria. A campainha tocou, a cadeira rolou até à porta que destrancou. Era a Rita, ela chegou. Falar não falou, sorriu, como sempre um sorriso terno que atrás de si a porta fechou, a colo Ivone içou, pelo corredor a levou e já no quarto a deitou. Rita desnudou-a com meiguice, tocou, acariciou e beijou, despiu Ivone com jeitos de anseio e em desejos elevou. Ivone, os olhos fechou e um longo e afável prazer inspirou.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Onde moras?

Onde moras?
Na tua cabeça. E tu onde moras?
Eu moro no teu pensamento.
E porque não vens até à sala?
Para? Para me sentar no teu longo sofá ou deitar no infinito soalho dessa tua sala?
Não ouves a música tocar? chiuuuu... Não te apetece dançar?
Hoje não danço. Hoje não sei que dia é, não sei se o nevoeiro levanta ou o sol se esconde na fumaça da tua confusão. Esta cabeça onde dizes morar levita com este nevoeiro. Está nevoeiro?
Não me apetece sair daqui. Não quero pedir-te que saias de mim, não quero ir lá fora, daqui não vejo nevoeiro, nem te sinto a levitar, sinto-te na pele, sinto-te o respirar como se estivesses mesmo aqui atrás de mim... encostada a mim. Está nevoeiro?
Está nevoeiro! Não vês? Deita, deita-te aqui, enrosca, puxa os lençóis, anda, vem, vem e fica! Porque tens de oferecer resistência é só um nevoeiro! Luta, contra essa incógnita cabrona! Vais deixar que ela te vença? Certamente há guerras com pretensões mais nobres! Dá-lhe, dá-lhe!!! Dá-me!

Plateau


Uma deusa no topo de uma montanha
estava queimando como uma chama de prata
o topo da beleza no amor
e Vénus era seu nome

Ela teve isso...
sim, baby, ela teve isso
Bem, eu sou sua Vénus, eu estou no seu fogo
No seu desejo

Sua arma eram seus olhos de cristal
Fazendo todo homem louco
Negra como uma noite escura
Ela teve o que ninguém mais teve

Ela teve isso...
sim, baby, ela teve isso
Bem, eu sou sua Vénus, eu estou no seu fogo
No seu desejo


E assim me fartei de dançar no Plateau, há tanto que não dançava tão bem!!! Coisas...