Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

domingo, 21 de outubro de 2012

vago

Desde sempre se lembrava de a conhecer. De vista, de sonhos,  de ânsias, de cruzar em algum lugar. Achava sim, que a conhecia, daquela ou de outra vida. Mas conhecia, afirmaria, com quase toda a certeza que enganado não estaria. Ainda assim, deparou-se na questão, seria justo se afinal não a conhecesse? Não, não! Tinha a certeza que a conhecia!  E ali a tinha, parada à sua frente com um ligeiro sorriso nos lábios e um olhar vago, esperando por saber o que aquele lhe queria,
-       Sim?  Diga?
-       (...)
-       Bom, se não se importa solte-me o braço... tenho de seguir.
Como pode, ela não me conhece... pensou, desesperou. Como?! Sempre a  conheci, sempre a quis, sempre a desejei, sempre a ...
Aliviou a mão, ela o olhou, ainda que com desinteresse, e apressou-se na corrida. Entrou no elétrico que partiu de seguida.
...amei
(sussurrou baixinho) 


 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Anónima tesão


Anónimo, dás-me tesão!
Hoje acordei molhada por ti na esperança de me deitar já húmida contigo. No fundo tu fazes sentido. Dás-me dedicação solvida em tesão. Roubas-me a atenção, obrigas-me a desejar-te. Como te odeio, renego este prazer vazio, este sentido vadio. Fazes-me esperar por ti como quem olha aguardando um alguém. E seres o anónimo suspeito que és. Quanto te odeio! Quilos de desilusão por não saber quantos são. Serás tu um só a servir um só coração? Ou serás para tantas outras então?
Ouve anónimo, dás-me tesão!
Vago anseio, carregado de toda a razão, afinal também és solução, és afago e perdão. Quem sabe alguma paixão. És desprezo por tua existência, és sorrisos cínicos com certeza,  és falta de olhares cerrados ou abraços apertados. Quanto te abomino! Quanto és de fascínio. Assolas o estar, violas o ser. És mesmo obscuro falhado, mistério falado, post partilhado.
Escuta bem anónimo, dás-me tesão!
Esta espera é sem fim, não sei quanto tempo foi, quanto será por inventar, não sei se de noites deixas ou de dias enches, és abandono que nunca vai, és volume que nunca sai! Tens formato em mancha escrita, desconhecido que acorda quem nunca adormece, durante uma guerra sem luta. Deixa rasas feridas, onde nada há para desinfectar. Quanto te detesto! E nem por isso te desmistifico. Serás o que eu quero ou o que eu preciso?
Lê-me anónimo, dás-me tesão!  


Pretty


bem picante que é o que me está a apetecer...
poderia escrever, vão-se foder, mas não me ficaria bem, logo não escrevi, ignorem por favor.
Hoje, como muitos outros dias, a dedicação ao que quer que seja não me chega. Vão-se foder, diria o Luís que honra qualquer palavrão e ainda se ri dele mesmo. E eu? eu o que quero mesmo é rir de mim e de todos. Sim de ti também que não te conheço ...e não me encham a tola com coisas pouco importantes, nem em forma nem em estilo! Vai daí que não têm mais que fazer? Eu não tenho! E só quero rir-me disso...


domingo, 7 de outubro de 2012

60


(Este Post foi criado para um blogue que é de todos os que se atreverem a dar-lhe vida pela continuidade. Foi escrito ao sabor criativo de um número como título, o 60. Será publicado no blogue "E aí vai ele"- ofereco-te-este-blog )

Pensava como seria aos 60, estava agora com 40, via-se a meio de um livro escrito. Não cogitava se estaria bem ou mal lavrado, sua bíblia redigida era uma catástrofe de alegrias e mais umas avalanches  de tristezas oprimidas. Como seria aos 60...
Apagou a luz do pequeno candeeiro de quarto, e a escuridão era clara, o coração bateu em compasso nervoso e a cabeça iniciou a fervura de uma panela de pressão. Enrolou-se aos lençóis que depressa iriam aquecer e falou baixinho, “como vou eu amar?, como vou eu amar??? deita-te comigo medo, mas não me contes mais mentiras, fica somente aqui perto, encaixa-te no meu corpo, bem sabes que não sei viver sem ti, não sei viver sem ti... mas não me ampares porque não será desta a minha queda, não vês? Estamos nesta cama, e tu estás agora envolto neste corpo por amar.”
E o medo respondeu-lhe,  “não consigo fazer-te amar, se a mim que sou o teu medo me fizeres acreditar. Aqui, no escuro, este reino e domínio é meu, se bem queres, aqui consigo fazer-te desejar, aqui no sombrio tenho o poder de a ninguém desprezar. Fecha os meus olhos e eu verei esse teu querer, este que te sinto agora neste abraço que sufoca. Conto-te que o amanhecer virá, dar-te-ei o que julgas certo, na que será claridade pardacenta. E na boa luminosidade nunca desistas desse lutar, desse saber se se sabe amar. Depois desistirei de ti e de te aconchegar, como agora, com a nova luz  quase a chegar. Pois tão cedo eu não vou voltar, nestas últimas horas de luar. Shiuuu o sol vai raiar e eu vou fazer-te sossegar.”

sábado, 6 de outubro de 2012

mão d`ele


As mãos do médico acariciavam-lhe o rosto, aliviando a pressão exercida. A boca doía-lhe. Havia mais de uma hora que estava deitada na cadeira do dentista.
Não sentia qualquer poro do rosto atordoado, julgou eternizar daquele jeito,  de maxilares arregalados, divagou na idiotice. Mas tentou concentrar-se no tratamento, e nele, no médico que lhe cozinhava a boca. Fantasiou no anseio do que se propunha o arranjador de bocas, talvez não só à recauchutagem de dentes, como quem sabe a de um coração.
Tamanha era a ternura e carícia sobre o seu rosto, que lhe alteou os desejos despertos sobre a dormência e viajou à velocidade da broca.
O médico alvitraria a extracção, envolvia-se a tão árdua tarefa, de forma delicada e perfeita e continuava massajando-lhe a face.
As horas decorreram, as doses de anestesia acresciam e desciam-lhe pelo corpo até ao umbigo. Uma formosa dor suave chegou, um palpitar formigante até às coxas, um aperto, um cobiço, uma vontade e cerrou o olhar.
A mão entusiasta não cedera na massajem sobre a pele adormentada, e alentada arriscou-se vagarosa na descida, abandonou o rosto e encontrou um pescoço fervente que apurava um odor ardente. Ele soltou um plácido gemido. Que lívido estado o dele, não se segurou na vontade. Os lábios latejantes acompanharam a mão, e beijou-a, beijou atrás da orelha, arquejou até ao peito recortado pelo decote  avassalador. Ofegou-lhe calor, soprou um vendaval cálido pelo rio dos seus seios e brotou-lhe água salivante, humedeceu-lhe as montanhas e plantou-lhe a tesão. Percorreu-lhe o corpo com dedos vagos, sabendo já o destino certo e desceu meloso, aquela mão vertiginosa que se encobria por debaixo do vestido sedoso e avizinhava-se nas cuecas rendadas.
Encontrou uma vagina palpitante que transbordava do que lhe escorria entre as mamas, deslizava um regueiro suado com aroma a amantes rubros. Dedilhou-a como a uma flauta encantada e penetrou-a fundo com o mesmo encanto que lhe fizera no rosto.  Um trauteio melódico e apaziguador de qualquer dor. Dos olhos dela, chovia agora lágrimas lívidas de prazer que ele as bebera como se dela tudo fosse dele. E sussurrou-lhe inteirado ao ouvido, “és minha”... 

El(A)gância

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Chat XXI


- Olha Dália, com este calor minetou que quebrou! Sim, sim eram quatro da tarde estava o Gonçalo a fazer-me um minete, soube-me pela vida e olha estou sem remorsos! ZERO, zero de remorsos! Não me vou dar ao luxo de sofrer por um Amonas!

- podes crer, Amona, é nome perfeito para o gajo Carla!

- ...é super frio e distante e o Gonçalo faz-me uns minetes... e deseja-me, elogia-me...

- pois, é a melhor forma de deixar uma gaja caidinha!

- ...diz o que eu gosto de ouvir e preciso! Agora o Amona nem faço mais um caralho por ele, quando ele quiser, é se eu estiver!!!

- olha levou como traição com um minete na tola!!! (Ahahahah)

- podes crer, será que um minete conta como traição??? ou é só meio corno? ...com a intensidade que me vim! só pode contar! quero que conte Dália!!!

- és o mais puro deserto de emoção amiga,  és muita século XXI!

cedo tenho sede


de ti GATO!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

que desafio prá c@bra


Chegou pela asa de Black Angel com as seguintes regras:
Avisar o blogueiro que indicou quando postar o mesmo;
Ser sincero nas respostas ou não responder;
Indicar 5 blogers para que o mesmo tenha continuidade;
No final da postagem dedicar um tema a quem o indicou;
Se for contra estas regras recuse fazer o mesmo!

Perguntas e Respostas de C@bra:
 .
1° - Algo que você não fala para ninguém ?
Mais uma vez não falo.

2° - Se você pudesse ouvir apenas uma música no próximo mês, qual seria ?
VAST – Beautiful

3° - Um sentimento que nunca sentiu ?
Não sei, ainda está para chegar.

4° - A pessoa mais importante para você ?
A que amo.

5° - Agora aonde você queria estar ?
Deitada na relva a olhar para um céu azul com algumas nuvens a desenhar a minha felicidade.

6° - Já deram um tapa na sua bunda, gostou ?
Já. Amei todas as que não retribui com um coice.

7° - Quem levaria para uma ilha deserta ?
Ninguém, deixaria de ser deserta!

8° - Quem você mandaria pro Iraque com uma camisa escrita "I love USA" ?
Não pagava essa viagem.

9° - ? oxıɐq ɐɹd ɐçǝqɐɔ ǝp ɐʌ ɐns ɐ ɐxıǝp ǝnb O
O pino.

10° - Se alguém lhe dissesse que você poderia realizar um sonho agora, qual seria ?
Tirar o meu país do esterco!

11° - Algo que gostaria de fazer, mas que não tem ou teve oportunidade ?
Ainda vou fazer e ter!

12° - Você não sai de casa sem o quê ?
Sem uma mijinha no pasto, dá confiança na viagem.

13° - Já beijou ou beijaria alguém do mesmo sexo ?
Todas as cabras e bodes do meu quintal!

14° - O que estaria fazendo se não estivesse fazendo isto ?
A charrar uma ervinha da boa!

15° - O que está pensando agora ?
Que este questionário nunca mais acaba!!!

Por último passo este questionário à LUA ao SKIN N UNDER  ao meu WATER ao OLHAR DE LYNCE ao ENIGMA e ao CABARET DO MARQUÊS, não são obrigados a, simplesmente gostei de vos nomear enquanto importantes. Marradinhas.
Dedico á minha asinha negra o seguinte tema, porque sim! : 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Que podes tu

Que podes tu escrever-me?
quando elevas-me com o teu olhar
mesmo numa noite sem luar
ou num dia sem raiar

Que podes tu escrever-me?
sai-te falas com sentido
gestos oferecidos
como ontem que era hoje
e na hora que é de agora

Que podes tu escrever-me?
foste mas ficaste
nos gestos tocados
nos cheiros trocados

Que podes tu escrever-me?
ofereces alvoroço
dás cheio
e enchimento
acredito e desafio

Que podes tu escrever-me?
vais ficando
e ficas querendo
e voltas nunca indo
e vem
agora,
e não escrevas nada
Que podes tu escrever-me?
................................................................... c@bra