Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O homem das calças amarelas .3


Deixou de se ouvir o tilintar dos ferros nas máquinas, deu-se lugar ao bater de um único coração, batia forte conta o seu peito, ali estava, esticado no chão, com os olhos cerrados e uma expressão acabada. Aplicou-se no arrasto, levantou o corpo imenso e desceu as escadas em câmara lenta, como chegado da guerra, não tecendo ais nem uis, passou breve, diante a ela.

Entrou no balneário, despiu-se, abandonou o traje ensopado e enrolou a toalha à cintura. Tinha a cabeça vazia, escutou a água ao fundo, tombando dos chuveiros entoando uma melodia singular, apaziguadora e harmoniosa. Observou os duches, não havia cabines vagas, optou pelo banho turco, relaxaria depois de tamanha tareia levada na musculatura. Entrou, esticou-se na pedra mármore e sorriu, que delicia de afago consagrada por aquela pedra amaciada a abraçar com doçura as suas costas mal tratadas. Suave suspiro, inspirou e expirou ritmadamente, mais uma e outra vez e um eco pareceu-lhe devolver igual respiração. Ergueu um pouco a cabeça, apercebeu-se que não estava só, uma figura difusa, desenhava-se no artificial nevoeiro. Ignorou, deitou de novo a cabeça que sentia pesada e continuou o exercício contínuo do resfolegar. Quase adormeceu, mas levantou-se num ápice, sentiu-se zonzo, com o sangue a ferver, saiu aos ss para o duche frio, mais um choque de mau trato e nem um leve gemido soltou. Apercebera-se sozinho, já ninguém povoava o sitio. Voltou para o banho turco, sentou-se agora, na mesma laje de afago. Cabeceou dúzias de vezes, acabando por dormitar. Sonhou, viajou nas histórias da ilusão e sentiu como reais as mãos da almejada recepcionista a subirem vagarosas pelas suas perna cansadas. Arrepiou-se, ao toque sentido, um veludo magistral de lábios humedecidos entre as suas coxas, levando o seu corpo a conciliar com aquela cabeça que o invadia sem pressa, sem furto de esticão. E a ele só se pedia uma viagem, aclamou calma à sua cabeça que a deixou solta, caída para trás.

(continua)


12 comentários:

  1. Irei continuar a ler, até ao capitulo final....comentarei no fim.

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    1. Meu Filipe:) sim lê-me, que gosto de o saber assim...
      Beijos

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  2. Cabra Bianca, de episódio em episódio nota se o aumentar de sensações e de tesão mental que o homem das calças amarelas está a passar (viver), curioso, noto tambem que o mesmo faz questão de usar todos os "aparelhos" que estão ao seu dispor no referido "gym" ( em altura de crise se tem de pagar mensalidade que ao menos usufrua de tudo a que tem direito).
    Tenho para mim o final desta historia, mas, como disse anteriormente, a ver vamos como ira terminar este treino com as calças amarelas vestidas.

    Beijo

    O gajo que anda sempre descalço.

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    1. tesão mental... sim... e o que me faz ao escreve-lo:)
      Um beijo a alguém que se diz descalço.

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  3. Ela precisa saber que não sai da cabeça dele!
    Quem sabe ela não imagina o mesmo, não vê o mesmo na cabeça dela?
    Estou para ver como acaba Bianca...

    Beijos

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  4. As calças podem ser amarelas, mas o desejo é intensamente vermelho!

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    1. Eros, sem dúvida!!!!!!

      Graciosa visita, muito obrigada.

      Beijo

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  5. Acho curioso o facto de o homem ter tido o cuidado de interromper o banho turco para tomar um duche antes de começar a sonhar com a recepcionista.

    :)

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    1. Viciado, faz parte do banho turco, choques térmicos. Vejo que percebes do assunto;)

      Vê mas é se ESCREVES, pois tenho muitas saudades do teu bem escrever!!!

      BEIJO-TE

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