Encharcado pelo pensamento, entrava no ginásio já suado pelo prazer de a avistar. Tentava controlar o físico agitado antes de colocar o pé no patamar da entrada, ordenava-se, ditava calma à respiração e exigia ordem às ideia, mas era impossível, como uma avalanche derramava corpo pela escadaria até à recepção. Ali, defronte a ela, os segundos de espera à entrega da garrafa de água para tragar durante o treino, eram como horas de contemplação. Era ela, sentia-a, desejava-a como sua, emaranhada em si, escorrendo-se pelo seu corpo imenso, como a toalha que trazia agora enrolada, envolta ao seu pescoço largo.
Seguia para o balneário com um sorriso quase dominador, guardava o saco no cacifo e sonhava com a nova passagem pela recepção antes de subir para a sala de treino. Pensava que passaria por ela, ainda que soubesse que a musa nem repararia nele e nem um vago olhar lhe dedicaria. Cobiçava-a com desejo, como nunca outrora tinha invejado alguma.
Enfiado nas suas calças de treino amarelas, marchou lento diante ao balcão, mais vagaroso subiu cada degrau, como se de íngremes montanhas se tratassem, achando que o amarelo das suas pernas a enchesse de luz, como um raio de sol naquele início nocturno. Mas ela, ela não se encandeou e seus olhos não içou, nem quanto mais um único membro ou sequer cabelo movimentou.
Completou a subida, no piso superior contemplou a sala, esta ajeitada de corpos trabalhados, físicos suados, homens ávidos por traços esculpidos. E dirigiu-se à máquina, aquela que lhe parecia ir roubar todas as suas valentias, a que lhe sacaria as forças e renderia resistência ignorada. Espumava pela insignificância declarada, gritava a cada grama de ferro acrescentada, mas nada o livrara de a saber lá, lá em baixo, de pensar nela, sentada na recepção mirada.
Agarrou-se aos halteres e fez mais dúzia de repetições, o suor gotejava na testa como pingas de água que escorrem pelos vidros em dia de temporal.
E ela subiu à sala, ele sentiu-se fraquejar, direcionava-se a ele, seria a ele, questionou-se, um tremor invadiu a sua musculatura, os braços caíram, as mão com os halteres perderam a firmeza e as pernas o equilíbrio.
(continua)
Minha Cabra Amiga,
ResponderEliminarAo vir aqui pastar deparei-me com um texto com tanto músculo e exercício, que até estou cansado...
Por isso...
Beijos com mostarda
Voltarei
A.M.
Nada que um bom bife na pedra não te fortaleça, querido Aurélio Marcolino!
EliminarBeijos com maionese.
Volta!
Ha muito que nao vinha ao teu cantinho e é sempre bom voltar aqui
ResponderEliminarMister Charmoso, há quanto... Anda, volta escrevo também para ti.
EliminarObrigada por este mimo.
Beijo
Bianca, Bianca,
ResponderEliminarE se de amor houvesse duvidas de se tratar, nesta introduão ficou bem claro...
O amor está no ar, teu, ou do teu imaginário.
Bem pensado, um amor no ginásio!
Quero saber onde parará este paixão tão singular!
Ele vai-se perder na tenatação e falar-lhe?
Aguardo... o resto!
Beijo grande
Vulcano, o amor é lindo, mais ainda quando temos amor por imaginação,hummm tão bom!
EliminarBeijo grande para ti.
Cá para mim vai dizer-lhe que tem a mensalidade em atraso... Beijoca!
ResponderEliminarRafeiro Perfumado, era! Mas como já disseste tenho de puxar pela minha imaginação! :)
EliminarBeijo lambido
Sitaução de algum embaraço mental ( a dele) exercitando o corpo sem se apreceber que em gestos mundanos fortalece a mente.
ResponderEliminarContinuando a ver o fisico a trabalhar.
O gajo que anda sempre descalço
"gestos mundanos". Exercitar o corpo é algo paranormal? :)
EliminarBora lá VER o físico a trabalhar!
Beijo gajo descalço.
A paixão.... (continua)
ResponderEliminarSerá Water? hummm loucura, não?
Eliminar:)