Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Adoro
estar contigo, sem alíneas, pontos, ordens de importância e sem faceta
literária. Adoro estar contigo em casa, na sala, no quarto, na cozinha, na
casa de banho, no corredor, nas escadas, no simples andar na rua, no carro e até
na mercearia. Adoro estar contigo, porque és sexy e fazes-me sentir sexy. Quando viajo e enrolo-me no teu corpo, em todo ele e toco-te, cheiro-te e desejo-te lamber. Adoro estar
contigo a comer, a dobrar roupa e até limpar o pó, e o que detestamos limpar o pó, nunca o fizemos juntos, mas contigo não será desagradável. Adoro estar
contigo a falar, a rir, a trocar estórias e a aprender escutando-te a ler. Adoro
estar contigo, pela tua sensibilidade, criatividade e inteligência que me
estimula e me faz querer ser melhor, sendo eu próprio. Adoro estar contigo, fazes-me
afortunado, marcas a diferença dos pequenos momentos, tornando-os autênticos
orgasmos mentais. Já te disse que adoro estar contigo?...já?...não faz mal,
nunca é demais dizer o quanto se adora estar contigo.
Qualquer palavra
para ti agasta, qualquer amo basta.
Amo-te por me foderes, por me teres a jeito, enfiares-me a
preceito. Amo-te nessa posição de deleito. E então fode-me, fode-me com efeito,
roda-me tu sujeito e ama-me, vomita-me, sacrifica-me, pelo que te trago
no peito.Escuta-o
quando tens esse ouvido colado ao despeito, depois digo-te o quanto te
respeito, o quanto grito
sobre esse amor que parece quase perfeito. E mesmo que não me largues ou mesmo
que me deites, diz-me, fala-me desse gozo que me agasta e arrasta naquela
palavra já tão gasta. amo-te! * a todos os anónimos portadores de qualquer nome.
Sete e cinco. Acordou em
sobressalto ao som da porta do prédio. Saía para o trabalho a Sra. Qualquer
coisa, que, religiosamente abalava para mais de 20 anos à mesma hora. Hoje
saíra com 5 minutos de atraso.
Sete e cinco. Sentiu-o a
seu lado, suado pela manta pesada que os cobria. Sobre a nudez dele, escorriam
seus alegres pêlos junto ao peito. Ele estava feliz, apesar do abafo, o sorriso
tatuado no rosto sereno denunciava o quanto não queria saber de calores. Estava
afinal, onde nunca devia ter saido.
Sete e cinco. Só a
sensação dela, afinal não passava de um prolongamento de um sonho matinal e já bem
ao de leve, ali só estava um único corpo e a lembrança do cheiro a Denim dos
anos noventa, que a fez esboçar um sorriso por cima da dor que sentia.
Levantou-se com a mão
sobre o pescoço, doía-lhe mais do que gostaria. Abriu a bolsa das drogas e
antes de qualquer outro alivio, encheu um copo com água e engoliu em esforço a
pílula alaranjada. Hoje só o poderia mastigar, engolir seria imprudentenaquele estado doente.
No entanto atreveu-se a pensa-lo a dormir. Como estaria a dormir? Suado? não pela manta de lãs
coloridas, mas quem sabe por um sonho fermentado a desejo? Mastigou esse
pensar, travou um gole no café forte da manhã e pelo cheiro aromático pensou
como o tragar.
Olhando pela janela que dava para as traseiras, falou alto,
inteira e integra como sempre. “- Trago-te como que dentro de uma caixa de
costura, em que as linhas se enrolam unidas num novelo de finas linhas
coloridas, emaranhadas confusas e chatas! Na confusão alegre de cores, moram as traiçoeiras agulhas perdidas, prontas a espetar, piores que farpas de uma
madeira antiga, robusta e maciça no meu sentimento fragilizado!”
Arrancou da dormência de
o ter junto a si, sem esse existir de facto, nem sabendo ao certo se estaria
ali mais do que um sentimento do pensar vir a ter um outro igual, num outro qualquer dia.
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