Sem chegar ao culminar da excitação, deu um só leve gemido em fase platô. Despertara serenamente, sentindo a sua pele escorregadia pela humidade intensa do banho. Foi abrindo os olhos lentamente, na mão viu abrigar-se o seu genital ainda palpitante de cio. O que sentiu dependeu do que procurou naquele breve descansar. Levantou-se e abandonou o banho turco.
Já perto das cabines do duche apercebera-se que afinal ainda um deles cantava a melodia da chuva. Entrou no do lado para finalmente se banhar. Encheu as mãos de gel duche e afagou-se com apetite, cadenciadas pingas de água temperada a beijarem-lhe o couro, massajando-o com vontade. Entregava-se assim aquela água, alagando a boca, saciando a secura que o consumia. Lavava tudo. E tudo escoava pelos seus pêlos escorridos, alguns já caídos, abandonavam-no assim, supérfluos ao seu ser pelos riachos que abraçavam outros caudais vindos do outro lado do vidro fumado, baldavam-se juntos pelo cano, por de baixo das pequenas nuvens de espuma.
Atento ao vidro, fixou o vulto vizinho, apreciou, tocava-se, sim, assim lhe parecia o fulano, um ritmado movimento que abrasava alento com entusiasmo amásio. Mirar excitante aquele, afogueava-lhe o olhar. O vizinho sabia-o a admirar e poliu furor no dar, uma cumplicidade brava, um acumular de tremor, que não dera espaço nem tempo, sem reflexão, sem consentimento, o vulto a sua cabine desonrou. Penetrou, ali agora sem fronteira transparente, sem alheia suposição, os dois num perfeito contemplar em anseios de elevar. Um vulto tornado nítido, um assaltante libertino, um verdadeiro desatino. O gatuno sem pressa, percorreu todos os poros que lambeu, abocanhou e sorvou. Que subiu e desceu por ele, acendeu todos os sentidos, alcançou, deslumbrou e aturdiu.
O meliante saiu e o homem das calças amarelas ficou. Sossegou uns minutos, repousou sobre os azulejos lilases do duche. Um sorriso inaugurado nos lábio e uma vontade diferente num rosto agora engraçado. Enrolou-se à toalha e saiu da cabine. Abriu o cacifo, vestiu-se e enfiou toda a tralha usada no saco.
Passou pela recepção, olhou de soslaio a rapariga que fechava as contas do dia, nem boa noite lhe bolçou, subiu os degraus que o levavam à saída em corrida apressada e cruzou-se com o invasor. Estava encostado à porta, como quem espera alguém. Um sorriso partilhado e a caminho do seu carro ainda ouviu:
- Vamos amor?! Podes fechar, já não há mais ninguém no ginásio.
.... deixas me sem palavras ... fabuloso este final, mais uma vez deixas me rendido à tua escrita.
ResponderEliminarbeijo-te minha cabra em ti e para ti, porque a tua escrita beijo-a e devoro-a sempre que me dás esse prazer ;)
Meu Water, um dia deixo-te sem mais umas coisas ;) promessas...
EliminarObrigada my love
Soberbo o final, ainda melhor o conto e quanto à forma e estilo...deixaste-me sem verve (o que é muito difícil).
ResponderEliminarBeijo no teu pêlo,
Minha Star, obrigada por continuares aqui. Sei que tem dias, mas é bem :)! No fundo a MULHER mais bonita que me segue.
EliminarObrigada
Cabra,
ResponderEliminarNão é admiração nenhuma (para mim) o magnifico texto que concluiste ontem, calças amarelas é apenas um entre imensos que por aqui tens deixado a "malta" ruminar.
O final é suberbo.
Mas relata a "vida" dupla de muita gente. ( não, não me refiro ao tomar banho e muito menos ir ao gym).
Ja estou a espera do proximo.
O gajo que anda sempre descalço.
Descalço, bem sei que estamos de bom tempo,mas calça-te! ;) Obrigada por pacientemente teres seguido esta história, que ambos percebíamos o seu final. E sim virá próximos.
EliminarBeijo-te
Quando era crinça,a minha mãe era e ainda é fã de amarelo.Vestia-me muitas vezes de amarelo e acho que fiquei com um trauma com essa cor :P
ResponderEliminarMas com a D.Cabra não tenho trauma nenhum,antes pelo contrario,por nisso neste meu regresso tinha mesmo que te deixar um beijo*
Shiver, e que bom regresso. Obrigada por apareceres por aqui e iluminares de amarelo o meu pasto. Irei sim visitar-te como sempre. Beijo
Eliminar"As duas coisas mais envolventes de um escritor são tornar familiares as coisas novas e tornar novas as coisas familiares." (Samuel Johnson).... Gostei muito,vidas sao vidas,mas é isso mesmo tornar coisas familiares em novas !!Aguardo algo como a " A Mulher da calça de couro pink"..Beijo e continuo a acompanhar este teu espaço!
ResponderEliminarFilipe, boa sugestão, gosto das calças de couro, muito anos 80 :)
EliminarBeijo
Mais um caso em que a pessoa tem de se tornar auto-suficiente...
ResponderEliminarRafeiro, quando não se tem cão, caça-se com gato! :) Beijo
EliminarSurpreendentemente real.
ResponderEliminarQuando menos se espera a vida dá voltas, o destino mostra-nos que há sempre saidas!
Aqui está um conto com um final surpreendentemente diferente!
A forma, a colocação das palavras, a pormenorização são apaixonantes!
Quando vem o próximo?
Beijos
Vulcano, graciosa fico, tão bom elogio à escrita. Obrigada docinho!
EliminarPróximo? no forno, no forno...
Beijo
Escrita a sério!
ResponderEliminarExcelente!
Leitura que prende, cada vez mais.
Se fosse um livro, comprava, sem hesitar.
Muita inspiração para o próximo!
Homem dos mil nicks, tu inspiras-me! Logo te oferto uma surpresa.
EliminarBeijoooo
final inesperado... mas no entanto sublime.
ResponderEliminarmais uma excelente historia tua que contas com todos os detalhes... ;)
bj doce
Um final como eu gosto! Tu sabes;)
EliminarBeijo com detalhe...