Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ela

Foto: Endoidecer contigo - Sónia Cristina Carvalho
Tinha uma capacidade conatural. Um olhar límpido, vítreo, luxuosamente bonito. Os lábios aveludada romã era uma tentação, a boca abanava alheios quando sorria, quando falava. Era simplesmente graciosa, simpaticamente fácil de se amar, cabia-lhe uma espirituosa alegria como um vestido de cetim escorreito a um corpo esboçado.
Só nela, a cada segundo apaixonante inalava-se um aroma inexplicável, levava-os ao desejo iminente de a comer sem mastigar, engolir freneticamente e vomita-la de seguida num arrependimento da gula apressada.
Escandalosa mulher de ávida cobiça. Dócil, misteriosa, estupidamente simpática, mimoseava ambição odiosa a quem negado lhe era usufruto. Incomodativa segurança servia-lhe, provocando, queimando de fervor os que incapazes de a ter Cinderela.
Era Carmen, ela,
Carmen.

3 comentários:

  1. Olá Bianca,
    gostei de ler,
    belo escrito,

    mulher bela, ela

    fica bem

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  2. Obrigada Brasinha pela visita, espero que continue a gostar ;-)

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  3. Carmen, ela
    mais Bizetiana que Cinderela

    conheci há uns tempos outra, mais argentina, a escrever tango na carne encarnada:
    http://redside.blogs.sapo.pt/

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