Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

13ª Consulta

Provar inquietude Caríssima D.ª Cabra
Escrevo pela primeira vez no seu blogue a jeito de consulta, na esperança que me possa ajudar.
Conto que a sua experiência caprina me auxilie neste dilema que me deixa inquieto ao ponto de nada me interessar, nem no trabalho, em casa, ou no resto que preenche o meu dia-a-dia cheio de banalisses.
O cerne da questão; não a ver para mais de uma década. Tempo demais dirá a Dona para que tenha deixado tal marca, mas o que é certo, é que quando os meus olhos se fixaram nos dela, e diga-se lindos como da última vez que os tinha visto, senti em mim um desejo crescente de voltar a estar, reaprender, respirar o mesmo ar que ela.
A noite correu bem, vimos os traços que o tempo se encarregou de marcar em nós, já perto dos 40 anos, rimos ao avivar as lembranças de como éramos e o que fizemos com menos 20.
Mas nela, os traços não se marcaram. Apenas curvas lindas de um rosto de mais mulher, onde a frescura feminina se misturava num deleite, fragrância de deliciadas feromonas.
A conversa foi boa, a comida agradável, e a noite passou mais rápido do que eu desejava.
Deixámos os amigos e feitas as despedidas, partimos como que numa frenética perseguição do macho atrás da fêmea. Nunca uma viagem me pareceu tão longa, pois sabia que no fim iria ter uns segundos a sós.
Além de nós, abraçados em um, olhos entrelaçados, queria que tudo o resto se sustesse.
Como que aqueles anos não tivessem passado e de novo nos 17, tudo o resto não existisse.
A vontade, o desejo, a inquietude de querer provar, morder, sentir, consumir o que nunca provara. O corpo a palpitar, a tesão a crescer num desejo animal, numa vontade pura de querer arrancar as roupas que nos separavam, unir dois corpos nunca antes unidos.
Será amor? Paixão? não... é mesmo desejo lascivo da carne contra a carne. A vontade, das mais puras. Querer percorrer o aroma do seu corpo e degustar o seu sabor proibido. Invadi-la na sua carne, saborear a sua alma, repetir e perpetuar, ficar no êxtase e ficar... sempre!
Tais pensamentos não saíram de mim durante horas, dias, e vivem até hoje, apenas se tornando mais fortes com a distância temporal.
Mas não será na amizade mais pura que nasce o desejo?

Que me aconselha D.ª Cabritinha? Sei que ela não se prende, e além disso preso estou eu há muitos anos.
Deverá esta ávida alma procurar saciar-se nesse corpo que transborda prazer? Assumindo os riscos, querendo entrar no jogo? Ser nem que por uma vez seu objecto, e que em mim ela se sacie? Valerá a pena o risco? Ou serão só dúvidas? Caso mal resolvido? enfim....
Conto com a sua experiência montesa, de cabra marota, para me aconselhar.
Assim me despeço e a partir de agora, seu... Leitor

..................................................................
Romântico Leitor, se eu tivesse o dom dos conselhos do amor serviria muita gente, incluindo a mim. Infelizmente não tenho e quando recebo consultas deste foro, fico, direi espantada! E o meu espanto serve-se de dois pratos, um frio e um outro como um caldo aquecido.
Assim começando pelo gélido comentar direi, se há amizade em ambos mas não desejo recíproco, não valerá a pena, porque quem provavelmente sairá magoado é o seu ser enquanto desejo e crente amante. O caldo que nunca passará disso mesmo, provavelmente nunca sairá a escaldar, é duvidoso. Julgo que mais você se pretende saciar que prontamente ela. Infelizmente concluo que não valerá o risco, isto querendo você se proteger, mas sinto-o inquieto e com casos pendentes e mal resolvidos, abra a porta do congelador e enfie a sua cabeça por 3 minutos e congele essa ideia, quem sabe talvez por mais 10 anos e verá que no final optou pela melhor decisão.
Sem mais, esta cabra que não arrasta na pata uma bola de cristal, mas que gostaria muito de arrastar!

1 comentário:

  1. http://provocame.blogspot.com/2008/08/provocao-gratuita-27.html

    vou experimentar essa do congelador. Cabra, tu és mesmo boa nisto!

    ResponderEliminar