Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

memórias do que foi um Verão


O verão fizera-se defunto, o sol já não pairava sobre ele e nela já não brilhava a luz de costume.
Sabia que os dias se tornariam mais pequenos, tal como o esquecimento, mas os pensamentos do que foi, ainda a povoava, pairava-lhe como um abutre sobre um corpo quente, caído na areia de um deserto.
Ali já nada se respirava, nada ali crescia, era uma imagem vaga do que fora algo meio esquecido.
Ansiava por uma tempestade molhada, que lhe encharcasse a nuca agastada, a brasa dos dias de verão queimara-lhe a alma, embaçara-lhe o corpo que ainda mexia,  o dela. Porque ele morrera. Ele morrera... 
A custo, enrolou o cadáver transfigurado de verão,  ele era possante, outrora vigoroso. Enrolou-o e deixou-o sobre a cama vazia, afinal não passava do que era, um morto como qualquer outro, um físico que o deixou de ser. Ele estava morto. Morto...
Enfiou os chinelos e saiu para a rua, no corpo só levava a camisa fina com que passara a noite com ele. O vento roçava-lhe na pele trazendo um aroma difuso do que foi um dia cheiro dele. E chegara-lhe a calma.
Cruzou todas as ruas de pó, as que a levavam a um destino certo, os pés envolviam-se com a poeira, travavam conhecimento de passagem. E as outras,  a miravam com desconfiança, aquelas que se encontravam à janela a ver o tempo passar, debruçadas no quadrado, de costas voltadas aos lares esquecidos.
Atravessou a última estrada, descalçou os chinelos à chegada e entregou o pó ocre que transportava à areia daquela praia, e ali se fizeram logo casal. Caminhou tranquila até ao mar, as pequenas ondas insistentemente desfaziam-se na areia, sem nunca desistirem por todas as tentativas de nunca se quebrarem. E os pés se molharam de água cristalina e avançou, avançou entregando o corpo a uma paz temperada a sal, a sabor e a cor. O corpo estremecia confundido entre uma dormência e um prazer. Encharcara-se e envolvera-se, fechou os olhos e avançou, avançou, cobrindo-se por um manto infinito azul e avançou, avançou, os pés perderam a fina areia que calcava e o corpo livre flutuou.


10 comentários:

  1. Ainda um dia destes,me perguntei quando voltavas!
    Seja novamente bem-vinda :)

    Beijos

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  2. já tinha muitas saudades tuas ;)

    bj doce

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  3. Olá meus amigos, voltei sim, neste 11 de setembro. Torres caíram, do pó nasceu algo mais elevado.
    SAUDADES EU DE VOCÊS,

    ESTOU DE VOLTA !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. Saudades Pelinho Branco!!!!

    Siga!!

    Beijinhos

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  5. Respostas
    1. Obrigada Sad eyes, nem imaginas o prazer que me deu a novamente escrever... Beijo

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  6. Bem voltada Bianca, as saudades estendem-se aqui Pecador :) Beijo
    O Pecador

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  7. a B escreve tão bem que leva os leitores a pensar, mesmo ´nem sempre o digam, "como será ela na cama? quem me dera..."

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