Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Como se de um
inverno duro se tratasse, subia as escadas com o corpo a tremer, acusado por um nervosismo encharcado. Subia as escadas ciente de uma violação programada,
as pernas doíam, igual a quem veio de uma audição que nunca fora ensaiada. A
mente embriagada, exausta de um medo embaraçado. A meio da escada pensou
baldar-se, numa luta frustrada, num pensamento gamado, ingrato e acanhado. Só
lhe via as costas, naquele subir dengoso, que costas eram as dela, suave aquele
subir, desejado e balançado, que o pensamento fora-lhe extraviado. A porta
abriu, um rodar lento de canhão, um som igual a um só pulmão. Entrou. Olhou,
olhar vago, regalado, mas tão pouco disfarçado. O coração acelerado num medo
profundamente instalado. Agarraram-se desejosos, ávidos do que foi um dia
imaginado, sobre um querer recreado. Colaram como quem lambe envelopes a serem
selados e depois decorados por selos despido a nu, já meio avistados.
Os mais de
mil beijos apressados, medo que lhes fossem roubados, os corações atormentados
num reboliço tão cobiçado. Tão apertados... emaranhados, ela sobe, sobe por
ele, um corpo alto em físico latejado, sobe por ele e enrola as suas pernas.
Obstinados nas bocas que beijam excitados e despem. Despem a pouca roupa,
rasgam os medos como quem arranca a pele e nasce ali um todo querer num tudo
ambicionado. E anda ele, pequenos passos com ela pendurada, ela amada. E mais
longe não será, e é tão real, tão contente numa queda boa, sobre um perfeito
corpo anunciado, num colchão sonhado. Cai sobre ela, na cama larga o peso do
seu corpo entesado.
Da janela do
quarto da cidade um calor que abrasa, derrete os corpos despidos de
inquietação, desliza e afaga os de outrora apetites anunciados. Cai sobre ela,
o peso dum corpo ansiado, inaugura a viagem de sentidos, todos os medos ali já
perdidos.
Lasciva,
impaciente, engole todas as pingas de sobra, as que caem dos beijos libertinos,
ama a luxúria da pele lustrosa, afável e cheirosa. Ele, esconde os olhos, parte
em show matiz, avança e lidera, desenha rubro num rosto e sorri.
Enrolam,
afagam amassam e esticam um tesão gritante. Prévias vadias, apetites
impetuosos... e gemem, invadem sem aviso num lar apetecido. Mareiam gloriosos, é
um lago, é um mar com pronuncia de enorme
e carpem por um não mais findar. E ficam, ficam, ficam...
Os mais de mil beijos apressados, medo que lhes fossem roubados, os corações atormentados num reboliço tão cobiçado. Tão apertados... emaranhados, ela sobe, sobe por ele, um corpo alto em físico latejado, sobe por ele e enrola as suas pernas. Obstinados nas bocas que beijam excitados e despem. Despem a pouca roupa, rasgam os medos como quem arranca a pele e nasce ali um todo querer num tudo ambicionado. E anda ele, pequenos passos com ela pendurada, ela amada. E mais longe não será, e é tão real, tão contente numa queda boa, sobre um perfeito corpo anunciado, num colchão sonhado. Caí sobre ela, na cama larga o peso do seu corpo entesado. (continua)
Como se de um inverno duro se tratasse, subia as escadas com o corpo a tremer, acusado por num nervosismo encharcado.
Subia as escadas ciente de uma violação programada, as pernas doíam, igual a quem veio de uma audição que nunca fora ensaiada. A mente embriagada, exausta de um medo embaraçado. A meio da escada pensou baldar-se, numa luta frustrada, num pensamento gamado, ingrato e acanhado. Só lhe via as costas, naquele subir dengoso, que costas eram as dela, suave aquele subir, desejado e balançado, que o pensamento fora-lhe extraviado.
A porta abriu, um rodar lento de canhão, um som igual a um só pulmão. Entrou.
Olhou, olhar vago, regalado, mas tão pouco disfarçado. O coração acelerado num medo profundamente instalado.
Agarraram-se desejosos, ávidos do que foi um dia imaginado, sobre um querer recreado. Colaram como quem lambe envelopes a serem selados e depois decorados por selos despido a nu, já meio avistados.
(continua)
Quem é ela,
quantas são ela? Cogitava ele entre o deslize das suas mãos grandes, seguras e
fortes pelo corpo quente dela. Será mil ou uma só quebrada em tantas. Quem é
ela perguntava... as mãos ouviam melhor do que ouvidos recheados a todas as
palavras e ao que elas lhe podiam contar. Quem é ela questionava... no fundo sem
querer saber. Não por medo, não por respeito, naquela pele afigurava o que
era, era uma cortina fina que esvoaçava violenta, por portadas arrancadas a uma
janela num sopro profundo, profano e revelador. Quem é ela? Uma? Meia dúzia?
Quem é ela pensava... sabia, sempre soubera quem era, dizer para quê, dizer
porquê, as palavras não eram necessárias. Sim, sempre soubera, só a
esperou por todas as de mais de mil vidas que passou, e a esperou. Tranquilo
continua à espera, com um olhar breve sobre um céu cobiçado por nuvens a passar.
Quem é?
O verão
fizera-se defunto, o sol já não pairava sobre ele e nela já não brilhava a luz
de costume.
Sabia que os
dias se tornariam mais pequenos, tal como o esquecimento, mas os pensamentos do
que foi, ainda a povoava, pairava-lhe como um abutre sobre um corpo quente,
caído na areia de um deserto.
Ali já nada
se respirava, nada ali crescia, era uma imagem vaga do que fora algo meio
esquecido.
Ansiava por
uma tempestade molhada, que lhe encharcasse a nuca agastada, a brasa dos dias
de verão queimara-lhe a alma, embaçara-lhe o corpo que ainda mexia, o dela. Porque ele morrera. Ele
morrera...
A custo, enrolou
o cadáver transfigurado de verão,ele era possante, outrora vigoroso. Enrolou-o e deixou-o sobre a cama
vazia, afinal não passava do que era, um morto como qualquer outro, um físico
que o deixou de ser. Ele estava morto. Morto...
Enfiou os
chinelos e saiu para a rua, no corpo só levava a camisa fina com que passara a
noite com ele. O vento roçava-lhe na pele trazendo um aroma difuso do que foi
um dia cheiro dele. E chegara-lhe a calma.
Cruzou todas
as ruas de pó, as que a levavam a um destino certo, os pés envolviam-se com a poeira,
travavam conhecimento de passagem. E as outras, a miravam com desconfiança, aquelas que se encontravam à
janela a ver o tempo passar, debruçadas no quadrado, de costas voltadas aos
lares esquecidos.
Atravessou a
última estrada, descalçou os chinelos à chegada e entregou o pó ocre que
transportava à areia daquela praia, e ali se fizeram logo casal. Caminhou
tranquila até ao mar, as pequenas ondas insistentemente desfaziam-se na areia,
sem nunca desistirem por todas as tentativas de nunca se quebrarem. E os pés se
molharam de água cristalina e avançou, avançou entregando o corpo a uma paz
temperada a sal, a sabor e a cor. O corpo estremecia confundido entre uma
dormência e um prazer. Encharcara-se e envolvera-se, fechou os olhos e avançou,
avançou, cobrindo-se por um manto infinito azul e avançou, avançou, os pés
perderam a fina areia que calcava e o corpo livre flutuou.
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imagem de addicted2cyanide
Odeio-te.
Sem ponto de exclamação.
Não é um ponto que expressa a emoção.
Os sinais da raiva são muitos mais. São a vontade de te ...
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