Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

por-me em-ti (todo :))



Como se de um inverno duro se tratasse, subia as escadas com o corpo a tremer, acusado por um nervosismo encharcado. Subia as escadas ciente de uma violação programada, as pernas doíam, igual a quem veio de uma audição que nunca fora ensaiada. A mente embriagada, exausta de um medo embaraçado. A meio da escada pensou baldar-se, numa luta frustrada, num pensamento gamado, ingrato e acanhado. Só lhe via as costas, naquele subir dengoso, que costas eram as dela, suave aquele subir, desejado e balançado, que o pensamento fora-lhe extraviado. A porta abriu, um rodar lento de canhão, um som igual a um só pulmão. Entrou. Olhou, olhar vago, regalado, mas tão pouco disfarçado. O coração acelerado num medo profundamente instalado. Agarraram-se desejosos, ávidos do que foi um dia imaginado, sobre um querer recreado. Colaram como quem lambe envelopes a serem selados e depois decorados por selos despido a nu, já meio avistados.
Os mais de mil beijos apressados, medo que lhes fossem roubados, os corações atormentados num reboliço tão cobiçado. Tão apertados... emaranhados, ela sobe, sobe por ele, um corpo alto em físico latejado, sobe por ele e enrola as suas pernas. Obstinados nas bocas que beijam excitados e despem. Despem a pouca roupa, rasgam os medos como quem arranca a pele e nasce ali um todo querer num tudo ambicionado. E anda ele, pequenos passos com ela pendurada, ela amada. E mais longe não será, e é tão real, tão contente numa queda boa, sobre um perfeito corpo anunciado, num colchão sonhado. Cai sobre ela, na cama larga o peso do seu corpo entesado.
Da janela do quarto da cidade um calor que abrasa, derrete os corpos despidos de inquietação, desliza e afaga os de outrora apetites anunciados. Cai sobre ela, o peso dum corpo ansiado, inaugura a viagem de sentidos, todos os medos ali já perdidos.
Lasciva, impaciente, engole todas as pingas de sobra, as que caem dos beijos libertinos, ama a luxúria da pele lustrosa, afável e cheirosa. Ele, esconde os olhos, parte em show matiz, avança e lidera, desenha rubro num rosto e sorri.
Enrolam, afagam amassam e esticam um tesão gritante. Prévias vadias, apetites impetuosos... e gemem, invadem sem aviso num lar apetecido. Mareiam gloriosos, é um lago, é um mar com pronuncia de enorme  e carpem por um não mais findar. E ficam, ficam, ficam... 

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