Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

...F(ó)nix

......e

O amanhecer em nada era diferente dos anteriores. O sol acordava os pássaros nas árvores da cidade, cantavam em bando e agitavam as asas secando o orvalho da noite. Mais dois raios e o grande pássaro poisava no beiral da janela, bebericando as gotas de água esculpidas no vidro, umas pareciam-se a minúsculas ventosas, outras enchiam-se mais que a medida, transbordavam e escorregavam desenhando finos rios a desaguarem no beiral. E ele ali ficava, parado, o grande e gordo pássaro, com as suas patas encharcadas nas poças do beirado, os olhos berlindes negros, colados, mirantes sem melindre em sua Eva.

Como era suave o seu dormir, contemplava-a o grande pássaro, tão simples, doce e meiga, tão ténue e adorada. Viajava ali, sem dar a asas, imaginando o seu corpo roliço transpondo-se, infiltrando-se lá para dentro, para aquele quarto quente e odorante. E continuava picando suavemente o translúcido vidro, como quem mata a sede em gotículas abandonadas, esperançado mesmo que breve no acordar de sua amada.

E a donzela virou-se, o grande pássaro assustou-se, quase se baldou, mas somente cambaleou e logo se recompôs... que bela perna aquela que se destapou, amou, vagueou no deslize de sua asa por torneada perna ...quase desmaiou, mas se aguentou e a sua angelical não acordou, nem se levantou. O imenso pássaro suspirou, ainda assim animado deu às asas e dali voou. Consigo esvoaçou o que o encantou.

Outro amanhecer chegou, nada mudou, o sol acordou e ele poisou, esperou no beiral que sempre enamorou, parado no que nunca lhe escapou, o que desta mais uma vez se destapou.



13 comentários:

  1. Bianca, Honey!

    Foste tu quem escreveu isto? É que se foste minha querida, prepara-te, porque não tarda nada, tens uma editora atrás de ti.

    Está SUBLIME!

    Beijo, destapado :)

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  2. Ups minha querida Star, ainda estava a dar uns toques no texto, porque publico, releio mais de mil vezes e nunca acho suficientemente bom! E acrescentei uma músiketa :-)
    E é meu sim, como todos os outro post.. :-) obrigada, sinto-me lisonjeada. Beijo lindo para ti.

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  3. Olha olha a Sra Cabra Branca anda muito "soft" na sua escrita :))) Cabrita estás de parabéns porque fiquei maravilhado com este texto soberbo.

    Malaquias

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  4. Rei Lagarto dois toc, toc e mais dois beijos para ti!

    Malaquias, Malaquias eu bem sei o que tu querias... :-) Obrigada por achares soberbo :-)!!!!

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  5. Ia criticar o texto, mas depois adorei a música :D ahaha

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  6. Siceramente! :-) ainda bem que o que safou a coisa foi a minha Madredeus...
    Beijo sincero!

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  7. a porra do pássaro é miupe e pelos vistos tem a mania que é voyeur.

    fecha a cortina para o gajo não expreitar

    ou abre a janela e convida-o a entrar

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  8. Meu dócil Mal Educado, deixa lá que o pássaro é orientado, um dia ele dá a volta e entra pelas traseiras... da casa, mas entra! Beijo

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  9. Linda, li o texto. Transmite muito. Eu de terras de Espanha deixo-te este doce para ti: http://www.youtube.com/watch?v=oqEsLerBYSU&feature=related

    Kisses no pipi

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  10. Ai CABRA:::
    Nao sei o que dizer, mas a verdade é que escreves bem...
    Um beijo em ti e dois nas tuas maminhas...

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  11. O TEU AMANTE, meu amigo dessas terras que conheço, obrigada love
    Beijo-te


    BA BOCAGE, não digas nada mas escreve tudo. Um beijo em ti e dois onde te calhar :-)

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  12. Espera e imaginação, cúmplices os dois, daqueles momentos em que no silêncio obscuro da solidão o caçador espreita a melhor forma de abordar a presa.

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