Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

tirAR


Não sei quem és, chegas a mim, sem hora, sem tempo, mesmo sem prazo, vens e entras sem chave, não há chaves nem porta afinal e ofereceste a mim, sem querer saber qual condição, sem razão, sem vontade ou em gratidão, pouco importa, empurras a porta que não existe, nem janelas há, e tu és uma corrente de ar sem bloqueios nem passeios, uma aragem arejada, sem lamentos preconceitos, sem jeitos em arabesco, és fresco ar que desliza no que encontras, numa figura que é corpo. Hoje és moreno, amanhã serás gordo, ontem misterioso, antes sedutor, terás barba, serás cheiroso. E que importa, que acarreta? dás-te a cem e sem nãos, sem porquês ou porque não, tuas mãos eu quero assim, como nunca conheci, sem linhas em reticência, aspas crespas, virgulas convertidas sem razão, sem pensar em interrogação, quero-te uma canção. Pouco alterado, original e esguio, hasteado sem fio, alheado, um pouco atrapalhado, talvez até assustado, mas quero-te afinal, talvez um pouco louco, louro e magrela, sedento ou até corpulento, como o tal vento... E nada sei de ti, nem espero que saias a mim, deste-te assim, em físico alteado, risco de sabor alcançado, quase claro partilhado e agora rasga, mete-me a nu como tu, solta, rota, translúcida e vaga, envia-me a tal carta, mas agora que cá estás, anda não olhes para trás a porta não está lá, e pouco importa. E janelas? Janelas não as há!



20 comentários:

  1. Desculpa não ser original, mas nada tenho para dizer além disto.
    Texto fantástico, como habitual.

    Beijinho,
    Ana

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    1. Também não vou ser muito original, quando volto a dizer que gosto muito de te ver por aqui Ana.

      Obrigada
      Beijo

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  2. De tirAR realmente o AR...

    Beijos :)

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  3. E ficamos assim a imaginar como será... o outro do outro lado que trocando linhas e cartas.. ideias de locais reais.. forma de estar e movimentos comuns.. nos preenche ao mesmo tempo que nos deixa.. nos invade enquanto nos larga.. ;)

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  4. eu sou o amanhã, yupiiiiiiiiiiiii!!!! :)

    Beijo grande, adorei o texto

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  5. Este blog deu uma grande cambalhota. Mas não consigo dizer que tenha sido para pior. Ainda estou na fase de estranhar mas quase quase a entranhar.

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    1. Skin, tens de explicar essa cambalhota, porque não chego lá só por tuas palavras escritas. Vem explicar-me,

      Beijo MY Skin

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  6. Cabra Branca... Talvez esse desejo que sente... seja acicatado por alguém que te seja próximo... e ''materializado'' numa pessoa anónima que vai ao encontro do sentimento que temos. É bom prestar atenção aos que nos rodeiam... e de alguma forma concretizar... algo... partilhar um sentimento.
    Palavras minhas... palavras soltas.
    Beijo em ti.

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  7. A Cabra permite-me que entre, ainda que fora de horas ou a horas inconvenientes, por ser altura de almoçar?

    A porta entreaberta encontrei, e um burburinho escutei, já cá havia gente a marralhar, mas Dear zé preferiu perguntar.

    Minha doce e branca Cabra, de quem nada é de esperar, seja ao nascer ou ao luar, a tal carta queres que Dear Zé te vá mandar?

    :))

    Belo espaço! Verdejante escrita!

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    1. Dear Zé, voltas-te!

      Há sempre um Zé que vai e outro que regressa, bem vindo.

      Beijo
      Adorei o comentário, sempre a teu jeito :)

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  8. Que a carta tenha chegado ao destino..pois tudo o resto não existe ou existe? Beijooooooooooo (43º):)

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    1. Existe em algumas cabeças portadoras de imaginação muito fértil....



      ;) BEIJO

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