Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

sábado, 6 de outubro de 2012

mão d`ele


As mãos do médico acariciavam-lhe o rosto, aliviando a pressão exercida. A boca doía-lhe. Havia mais de uma hora que estava deitada na cadeira do dentista.
Não sentia qualquer poro do rosto atordoado, julgou eternizar daquele jeito,  de maxilares arregalados, divagou na idiotice. Mas tentou concentrar-se no tratamento, e nele, no médico que lhe cozinhava a boca. Fantasiou no anseio do que se propunha o arranjador de bocas, talvez não só à recauchutagem de dentes, como quem sabe a de um coração.
Tamanha era a ternura e carícia sobre o seu rosto, que lhe alteou os desejos despertos sobre a dormência e viajou à velocidade da broca.
O médico alvitraria a extracção, envolvia-se a tão árdua tarefa, de forma delicada e perfeita e continuava massajando-lhe a face.
As horas decorreram, as doses de anestesia acresciam e desciam-lhe pelo corpo até ao umbigo. Uma formosa dor suave chegou, um palpitar formigante até às coxas, um aperto, um cobiço, uma vontade e cerrou o olhar.
A mão entusiasta não cedera na massajem sobre a pele adormentada, e alentada arriscou-se vagarosa na descida, abandonou o rosto e encontrou um pescoço fervente que apurava um odor ardente. Ele soltou um plácido gemido. Que lívido estado o dele, não se segurou na vontade. Os lábios latejantes acompanharam a mão, e beijou-a, beijou atrás da orelha, arquejou até ao peito recortado pelo decote  avassalador. Ofegou-lhe calor, soprou um vendaval cálido pelo rio dos seus seios e brotou-lhe água salivante, humedeceu-lhe as montanhas e plantou-lhe a tesão. Percorreu-lhe o corpo com dedos vagos, sabendo já o destino certo e desceu meloso, aquela mão vertiginosa que se encobria por debaixo do vestido sedoso e avizinhava-se nas cuecas rendadas.
Encontrou uma vagina palpitante que transbordava do que lhe escorria entre as mamas, deslizava um regueiro suado com aroma a amantes rubros. Dedilhou-a como a uma flauta encantada e penetrou-a fundo com o mesmo encanto que lhe fizera no rosto.  Um trauteio melódico e apaziguador de qualquer dor. Dos olhos dela, chovia agora lágrimas lívidas de prazer que ele as bebera como se dela tudo fosse dele. E sussurrou-lhe inteirado ao ouvido, “és minha”... 

8 comentários:

  1. Puts.....Amo MULHERES, mas se existe algum dentista mesmo que homem com estas maõs , e numa cadeira de dentista me provocar um sorriso, ( nem preciso de ereção nem de tesão) só um sorriso..Eu estou lá.....Que leitura quente.Uauuuuu

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  2. Excelente texto,muito excitante,assim vale a pena ser dentista :o)

    beijos :o)

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    1. Grandalf, também tens sido uma inspiração...
      Obrigada,
      Beijo

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  3. Um post inspiradíssimo. Gostei da associação das tuas palavras ao som dos Nouvelle Vague. Um momento alto deste cantinho.

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    1. My Skin, gosto quando aqui vens, qualquer coisa de bom. Gosto!

      Obrigada pelo alento que me tens ofertado.

      Beijo <3

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  4. Respostas
    1. João!!!! Que bom ver-te aqui :)
      deixaste saudades...
      Que nos acompanhemos neste novo outono.

      e Obrigada por gostares ;)

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