“então
começamos com a carta do ano para o ano inteiro: a morte; a mudança, algo se
renova porque algo vai "morrer". A morte, a carta mais forte de
todas, vais dar início a um novo ciclo, 2013 vais começar de novo!”
estou a
ler a tua morte e sinto-a tão minha, quando ainda não me dera ao desplante de a
pensar só para mim. Mas agora preciso dela, quero-a. EU quero a morte,
desejo-a, com maior egoísmo a espero. Paciente aguardo-a a ser celebrada pelo meu
perfeito assassino.
Estranho este
sentimento que inauguro ao ler-te, quase que te escuto a sussurra-la em voz
branda junto ao meu pescoço. Contas-me o que a morte nos conta - a morte -
quando afinal ela ainda está tão estranhamente viva, com um desgaste imenso nas
entranhas mas que vive num corpo ligado a uma máquina, e essa não se quer
desligar para deixar a morte morrer de vez.
Que me
contas tu desse fascínio de morte? Que me faz quere-la por tudo o que seja
nosso? Será uma arrogância que roça à minha altivez moribunda? Saberia-a assim
confortável, a morte, a minha, parecesse tanto com a minha... Leio, tenho um calafrio de dor, quem
sabe pelo frio ao esmiuçá-la, estarei a chocar morte? A abrir lugar a uma
ferida fingida a cicatrizada, onde o vírus entra sem esforço e sorve de dentro para
fora como um shot rude batido no final na madeira do balcão de um bar agonizante?
E
escorre-me um lágrima pelo gosto de saber de tua morte, da viveres, uma morte
tão demoradamente doce, que grita prazer de a sentir como tal, como a quem do
corpo só caíram os pedaços de carne um dia árduos amados, que esses bocados já
não mais fazem falta. E o ranho mancha-me as mangas do casaco de andar por casa
ao assistir os quilómetros percorridos da capela onde velavas até ao chão onde
serias aquecido pela terra e um dia esquecido pelo tempo.
Invejo-te
agora, sabendo que a tua morte já é ela tua serva, e que te cose as feridas do
corpo a linha rosa e ainda as pincela a desinfectante de amor que um dia será o
eterno, ela que te abria rasgos num estado de demência, ela queria se ver
espelhada na luminosidade do teu sangue, das feridas angustiadas que eram suas frustrações,
afinal ela é a morte.
Esclareço-me
no teu estado, aquele que um dia foi de defunto e apaixono-me por ti.