Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O perfeito assassino


“então começamos com a carta do ano para o ano inteiro: a morte; a mudança, algo se renova porque algo vai "morrer". A morte, a carta mais forte de todas, vais dar início a um novo ciclo, 2013 vais começar de novo!”
estou a ler a tua morte e sinto-a tão minha, quando ainda não me dera ao desplante de a pensar só para mim. Mas agora preciso dela, quero-a. EU quero a morte, desejo-a, com maior egoísmo a espero. Paciente aguardo-a a ser celebrada pelo meu perfeito assassino.
Estranho este sentimento que inauguro ao ler-te, quase que te escuto a sussurra-la em voz branda junto ao meu pescoço. Contas-me o que a morte nos conta - a morte - quando afinal ela ainda está tão estranhamente viva, com um desgaste imenso nas entranhas mas que vive num corpo ligado a uma máquina, e essa não se quer desligar para deixar a morte morrer de vez.

Que me contas tu desse fascínio de morte? Que me faz quere-la por tudo o que seja nosso? Será uma arrogância que roça à minha altivez moribunda? Saberia-a assim confortável, a morte, a minha, parecesse tanto com a minha...  Leio, tenho um calafrio de dor, quem sabe pelo frio ao esmiuçá-la, estarei a chocar morte? A abrir lugar a uma ferida fingida a cicatrizada, onde o vírus entra sem esforço e sorve de dentro para fora como um shot rude batido no final na madeira do balcão de um bar agonizante?

E escorre-me um lágrima pelo gosto de saber de tua morte, da viveres, uma morte tão demoradamente doce, que grita prazer de a sentir como tal, como a quem do corpo só caíram os pedaços de carne um dia árduos amados, que esses bocados já não mais fazem falta. E o ranho mancha-me as mangas do casaco de andar por casa ao assistir os quilómetros percorridos da capela onde velavas até ao chão onde serias aquecido pela terra e um dia esquecido pelo tempo.

Invejo-te agora, sabendo que a tua morte já é ela tua serva, e que te cose as feridas do corpo a linha rosa e ainda as pincela a desinfectante de amor que um dia será o eterno, ela que te abria rasgos num estado de demência, ela queria se ver espelhada na luminosidade do teu sangue, das feridas angustiadas que eram suas frustrações, afinal ela é a morte.
Esclareço-me no teu estado, aquele que um dia foi de defunto e apaixono-me por ti.

11 comentários:

  1. “Esclareço-me no teu estado, aquele que um dia foi de defunto e apaixono-me por ti.”
    Matar a morte, e ressuscitar a vida numa frequência mais acima , mesmo que o eco da propulsão, se faça ouvir, e tome corpo num “shot rude batido no final, na madeira do balcão de um bar agonizante"

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    1. sair de um estado compulsivo de se viver ao lado de uma morte, sentindo-nos mais vivos! ;)

      Beijo Opus

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  2. A intensidade das tuas palavras arrepiam-me :) Quem vivam eternamente...
    Beijo
    O Pecador
    Ps: Excelente escolha musical.

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  3. Quem pode, desta forma, ter medo da morte? Ou melhor, que pode, desta forma, não sentir que já morreu?

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    1. Sim, muitos já partilharam dela. E de seguida ressuscitaram bem mais vivos! ;)

      BEIJO MY SKIN

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  4. é fantástico o que consegues, fazes dos teus textos historias minhas, nossas, de todos...

    arrepias me

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    1. Obrigada meu Water, dás-me força para continuar. Obrigada!


      Beijo

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  5. Se há uma palavra da qual fujo a essa, a morte.
    Demasiado definitiva ou porventura o final de um ciclo e o início de outro.
    Bjos

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  6. Há vários tipos de morte e esta não é das definitivas é como um estágio de morte. Fica tranquila DoisSabores ;)


    Beijoooo

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  7. Foste a uma taróloga? Que cartas te calharam mais? calhou-te a renovação com a morte. E as outras? a morte é apenas uma mudança grande. a morte nunca vem sozinha, tem sempre companheiros a rodeá-la. Este ano avizinha-se dificil cara Bianca.

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