Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Em todos os lugares o amor acaba


Comecei ontem a odiar o amor pai. Supostamente o amor seria uma coisa boa, não era assim? Porque razão não gosto mais dele? Não o quero! Ontem já não o queria e hoje já o afugento! Ele é cheio de artimanhas que me assustam e me fazem parecer que devo alguma coisa a alguém, uma dívida afigurada a dádiva! E com todo o meu bom senso e minha inteligência assumo esta posição de odiar o amor. Já o odiava ontem e por tamanho descuido foi ontem que o perdi. Perdi o amor que levava na mão, era um pacote embrulhado a papel craft envolto numa corda áspera e fina, que acabava num laço mal feito! Acho que ficou num banco de um jardim onde nunca fui, faz parte agora de uma paisagem que eu nunca vi. Quem pai? Então, o amor! É disso que te estou a falar, do amor empacotado que perdi!
“O amor...”, dizias-me tu, que havia em gentes que davam pouco do muito que possuíam, e havia os que de pouco tinham e davam inteiramente. Confiam? Ou são pessoas confiantes? Haaaa generosos da vida, querias tu me fazer acreditar! Já te disse, odeio o amor e sou bem bondosa quando o afirmo! Aquele pacote era um cofre de ferro pesado que agradeço o ter deixado por lá, naquele banco verde de jardim rodeado de flores que lhes desconheço nome. Para quê saber o nome das flores? Elas são bonitas de se ver, precisaram que lhes sabemos o nome? Disparate, mais um romantismo compulsivo!
Não! Não estou vazia mas sim a esvaziar, nunca a amargar, nem penses nisso pai. Só quero odiar o amor e pronto! Não o quero neste cheiro ou molde ou o que lhe quiseres apelidar! Quero-o com odor a uma fragrância sem nome, sem conexão, sem baptismo, sem significado tatuado. Dessa forma até me pode agradar, mas ontem perdi-o sem remorso. Odeio não ter remorsos! Odeio quem não tem lugar, como as encruzilhadas do amor sem intenção, onde se perde o sentido que se transforma na doença que é o sonhar.
Só quero odiar o amor, sem apontamentos trágicos. Sem abraços de eternidade que sabemos não existir. Nada é eterno, o amor também não, o amor é uma intenção, uma predisposição. E eu não estou bem disposta com ele.
Hahahaha, pai nem imaginas, estou a ver o pacote do amor lá onde o esqueci, no banco, no tal, não sei quê jardim. E são quase seis da tarde está a noite a querer chegar. Está um senhor de tenra idade a telefonar do seu telemóvel para a esquadra local. Imagina pai, suspeita de uma bomba relógio. E se é pai, se é... é o pacote do amor, embrulhado num papel tão simples e enlaçado a guita tão pouco nobre...


"Em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba." Paulo Mendes Campos

12 comentários:

  1. Identifiquei-me com o post, mas escolho sempre acreditar no amor.

    Beijinho grande,
    Ana

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  2. O amor acaba,mas ha sempre outro que um dia vai começar,diferente,como deve ser,com mais vontade e esperança que desta vez o "embrulho" em que vem escondido seja mais duradouro e compensador,mas se um dia esse tambem acabar,vira sempre outro numa encruzilhada do caminho que percorremos e a que damos o nome de Vida.

    beijinho

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    1. tudo acaba, tudo recomeça. O amor é um ciclo, como qualquer outro. Há só que encarar isso com saúde :)

      Beijo meu amigo Gandalf

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  3. Em todos os lugares o amor acaba mas em todos os lugares o amor começa.

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  4. Afinal onde está a gaja boazona e forte que conheço de outros posts, humm? Ai o caralhinho, vamos lá a levantar essa moral, sff.
    Bjs

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    1. Já o "levantei" no post que se segue! :)

      Beijo meu bonzão Lynce

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  5. O odio é a forma mais nua e crua de se amar !! Coloca-te nua e crua e odeia com amor!deixa contemplar essa visão quem tiver a capacidade de amar !! Erguendo o tal penis por amor !! e só por amor.Viver é bom demais..e amores existem a cada olhar..sou um eterno apaixonado e apaixonante (segundo reza a "lenda")..UPUP.Beijo lindissima amiga !

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    1. Filipe apanhas-te o texto :) o sentimento mais próximo ao amor (em potência e magnitude) é o ódio sem dúvida!

      Beijo meu Bom Amigo

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