Comecei ontem a odiar o amor pai. Supostamente o amor seria uma coisa
boa, não era assim? Porque razão não gosto mais dele? Não o quero! Ontem já não
o queria e hoje já o afugento! Ele é cheio de artimanhas que me assustam e me
fazem parecer que devo alguma coisa a alguém, uma dívida afigurada a dádiva! E
com todo o meu bom senso e minha inteligência assumo esta posição de odiar o
amor. Já o odiava ontem e por tamanho descuido foi ontem que o perdi. Perdi o
amor que levava na mão, era um pacote embrulhado a papel craft envolto numa
corda áspera e fina, que acabava num laço mal feito! Acho que ficou num banco
de um jardim onde nunca fui, faz parte agora de uma paisagem que eu nunca vi.
Quem pai? Então, o amor! É disso que te estou a falar, do amor empacotado que
perdi!
“O amor...”, dizias-me tu, que havia em gentes que davam pouco do
muito que possuíam, e havia os que de pouco tinham e davam inteiramente. Confiam?
Ou são pessoas confiantes? Haaaa generosos da vida, querias tu me fazer
acreditar! Já te disse, odeio o amor e sou bem bondosa quando o afirmo! Aquele
pacote era um cofre de ferro pesado que agradeço o ter deixado por lá, naquele banco
verde de jardim rodeado de flores que lhes desconheço nome. Para quê saber o
nome das flores? Elas são bonitas de se ver, precisaram que lhes sabemos o
nome? Disparate, mais um romantismo compulsivo!
Não! Não estou vazia mas sim a esvaziar, nunca a amargar, nem penses
nisso pai. Só quero odiar o amor e pronto! Não o quero neste cheiro ou molde ou
o que lhe quiseres apelidar! Quero-o com odor a uma fragrância sem nome, sem
conexão, sem baptismo, sem significado tatuado. Dessa forma até me pode
agradar, mas ontem perdi-o sem remorso. Odeio não ter remorsos! Odeio quem não
tem lugar, como as encruzilhadas do amor sem intenção, onde se perde o sentido que se transforma na doença que é o sonhar.
Só quero odiar o amor, sem apontamentos trágicos. Sem abraços de
eternidade que sabemos não existir. Nada é eterno, o amor também não, o amor
é uma intenção, uma predisposição. E eu não estou bem disposta com ele.
Hahahaha, pai nem imaginas, estou a ver o pacote do amor lá onde o
esqueci, no banco, no tal, não sei quê jardim. E são quase seis da tarde está a
noite a querer chegar. Está um senhor de tenra idade a telefonar do seu
telemóvel para a esquadra local. Imagina pai, suspeita de uma bomba relógio. E
se é pai, se é... é o pacote do amor, embrulhado num papel tão simples e
enlaçado a guita tão pouco nobre...
"Em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o
amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os
lugares e a qualquer minuto o amor acaba." Paulo Mendes Campos
Identifiquei-me com o post, mas escolho sempre acreditar no amor.
ResponderEliminarBeijinho grande,
Ana
Fazes uma boa escolha Ana! ;)
EliminarBeijos
O amor acaba,mas ha sempre outro que um dia vai começar,diferente,como deve ser,com mais vontade e esperança que desta vez o "embrulho" em que vem escondido seja mais duradouro e compensador,mas se um dia esse tambem acabar,vira sempre outro numa encruzilhada do caminho que percorremos e a que damos o nome de Vida.
ResponderEliminarbeijinho
tudo acaba, tudo recomeça. O amor é um ciclo, como qualquer outro. Há só que encarar isso com saúde :)
EliminarBeijo meu amigo Gandalf
Em todos os lugares o amor acaba mas em todos os lugares o amor começa.
ResponderEliminarSem dúvida meu misterioso Skin
EliminarBeijo...
Grande....
ResponderEliminarCABRA
OBRIGADA!
EliminarAfinal onde está a gaja boazona e forte que conheço de outros posts, humm? Ai o caralhinho, vamos lá a levantar essa moral, sff.
ResponderEliminarBjs
Já o "levantei" no post que se segue! :)
EliminarBeijo meu bonzão Lynce
O odio é a forma mais nua e crua de se amar !! Coloca-te nua e crua e odeia com amor!deixa contemplar essa visão quem tiver a capacidade de amar !! Erguendo o tal penis por amor !! e só por amor.Viver é bom demais..e amores existem a cada olhar..sou um eterno apaixonado e apaixonante (segundo reza a "lenda")..UPUP.Beijo lindissima amiga !
ResponderEliminarFilipe apanhas-te o texto :) o sentimento mais próximo ao amor (em potência e magnitude) é o ódio sem dúvida!
EliminarBeijo meu Bom Amigo