A voz brasileira da miúda do GPS indicava-lhe o caminho, parecia que ela estava mais à deriva do que ele.
Entardecia, subia a montanha com o carro em esforço e já no cume apresentou-se-lhe o monstro da montanha que respirava certamente de boca aberta, nublando o caminho, desenhando uma névoa com bico de aparo largo no pára-brisas do seu veiculo, um pouco assustador, mas tão excitante de a saber mais próximo...
Ansiava chegar, pela viagem acompanhava-lhe a ideia de se seria uma foda divina, esse pensamento aquecia-lhe a alma e acalmava-lhe a pele eriçada, influenciada pelo manómetro do carro que declarava menos 2 graus.
Apesar da pressa do chegar, via-se obrigado a abrandar, o nevoeiro acentuava-se, um manto imaculado quase opaco ocultava-lhe o caminho. Imaginava-a assim, branca leitosa, suavemente cheirosa, apetecível adocicada. Os seus cabelos seriam finos e suaves, leves de cor de avelã e os seus olhos, esses, imaginava-os azeitonas verdes caídos da árvore por esforço de uma vara. O pensamento rolava-lhe, mas as rodas, essas travaram, não conseguia mais avançar.
Era o inicio do anoitecer, parou onde estava, saiu do carro e enrolou um cigarro apressado pelas mãos que se lhe engessavam pelo frio, acendeu-o e deu um travo profundo, quase o fumou num segundo e soprou, um sopro infindo, maior que a do mostro da montanha. E contemplou, admirou o fumo do cigarro a rodopiar na aragem gélida enlaçando-se ao nevoeiro cerrado, enroscaram-se e beijaram-se, enamoraram-se, deram as mãos e seguiram caminho, soprados pelo vento suave. Sorriu, e viu-se ali, parado, sem enxergar vislumbre, acompanhado pela voz da brasileira que ecoava dentro do carro, “próxima saída à direita”, “próxima saída à...”
Entrou no carro, estava acolhedor, sentiu a sola dos pés a aquecerem lentamente e confiante acreditou que seria capaz com a ajuda da falante, “saia na saída”, virou às cegas, dentro do peito um palpitar agitou-se, um nervosismo hilariante invadira a sua impaciência, esfregava os olhos em jeito de quem cegar vendo nada. Avançou, guiado fortemente pela vontade, pelo desejo de a ter em braços... e o coração era assaltado, numa dúvida vertiginosa, seria apetitosa?
(Cont.)
Vou ter que aguardar o fecho da história.
ResponderEliminarNeste momento as minhas dúvidas são muitas, dentro das quais, ele tem dúvidas que seria apetitosa, quem? A brasileira do GPS?
Fora isso, há uma forma abstrata nas palavras que adocicam a leitura... está bom, está muito bom!
Quero mais...
Olá,
ResponderEliminarNuma duvida vertiginosa ficarei ansiosamente a aguardar . . . a voz do gps . . .
Continuo a ler . . .
....(cont.)
ResponderEliminarAguardo ansiosamente pelo desfecho da ida ao cume...escalar o Everest Nunca foi fácil. Encontrará ele um pêlo macio?
ResponderEliminarP.S. Bom gosto o teu minha Cabra. Espero que a continuação seja ao som de: "Destiny" também deles!!!
7 beijos em ti :)
O que este gajo não sabe, mas está prestes a descobrir, é que a vida às vezes surpreende-nos como um coice de uma cabra nos queixos.
ResponderEliminarGostava de conhecer a segunda personagem, escreve a segunda parte do ponto de vista dela.
Mostra-nos as suas expectativas e depois se se concretizaram, ou se se desilude ...
Curioso para ler a continuação.
ResponderEliminarViciado (com a autorização da dona da Montanha)
ResponderEliminarPenso que a perspectiva de segunda personagem não é necessária, se estiveres atento às entrelinhas. Ou serão elas subtilezas que escapam aos olhos masculinos???
:)
Presente de Natal? Huuummm... interessante!
ResponderEliminarGostei de passar por cá, novamente...
Stargazer,
ResponderEliminarPois, não tenho uma resposta boa para ti ...
Pelos vistos não sou tão bom a ler entre as linhas como penso!
:)
Deliciosa orientação de palavras e fonemas incendiados!
ResponderEliminarDe olhos abertos e gps desligado espero(-te) (n)a continuação...
Muito frio durante essa subida ao cume, a nebulosidade atrapalha a caminhada. O mistério impera, pulsa dentro do peito, incomoda a cada passo, o desejo cega o caminho a percorrer...
ResponderEliminarQuero(te) mais...
Beijo