Este pêlo branco

Aqui, nesta montanha batem os primeiros matinais raios de sol e quando este desce e se apresenta o luar tem-se a sensação de que nada se apresentou diferente do que já foi, do que é ou que poderá vir a ser. Não espere nada, nem deslumbramento nem desilusão, não é essa a brancura que se pretende.
Anseie o nulo para que atinja o supremo início do tudo de novo.
Muito gosto,
Cabra Branca.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

domingo, 26 de maio de 2013

Até ao limpar do pó


Adoro estar contigo, sem alíneas, pontos, ordens de importância e sem faceta literária. 
Adoro estar contigo em casa, na sala, no quarto, na cozinha, na casa de banho, no corredor, nas escadas, no simples andar na rua, no carro e até na mercearia. Adoro estar contigo, porque és sexy e fazes-me sentir sexy. Quando viajo e enrolo-me no teu corpo, em todo ele e toco-te, cheiro-te  e desejo-te lamber.
 
Adoro estar contigo a comer, a dobrar roupa e até limpar o pó, e o que detestamos limpar o pó, nunca o fizemos juntos, mas contigo não será desagradável. Adoro estar contigo a falar, a rir, a trocar estórias e a aprender escutando-te a ler. 
Adoro estar contigo, pela tua sensibilidade, criatividade e inteligência que me estimula e me faz querer ser melhor, sendo eu próprio. Adoro estar contigo, fazes-me afortunado, marcas a diferença dos pequenos momentos, tornando-os autênticos orgasmos mentais.

Já te disse que adoro estar contigo?...já?...não faz mal, nunca é demais dizer o quanto se 
adora estar contigo. 

sábado, 18 de maio de 2013

gozo de te foder



















Qualquer palavra para ti agasta, qualquer amo basta.

Amo-te por me foderes, por me teres a jeito, enfiares-me a preceito. Amo-te nessa posição de deleito. E então fode-me, fode-me com efeito, roda-me tu sujeito e ama-me, vomita-me, sacrifica-me,  pelo que te trago no peito. Escuta-o quando tens esse ouvido colado ao despeito, depois digo-te o quanto te respeito, o quanto grito sobre esse amor que parece quase perfeito. E mesmo que não me largues ou mesmo que me deites, diz-me, fala-me desse gozo que me agasta e arrasta naquela palavra já tão gasta. amo-te! 

* a todos os anónimos portadores de qualquer nome.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Qualquer coisa




Sete e cinco. Acordou em sobressalto ao som da porta do prédio. Saía para o trabalho a Sra. Qualquer coisa, que, religiosamente abalava para mais de 20 anos à mesma hora. Hoje saíra com 5 minutos de atraso.
Sete e cinco. Sentiu-o a seu lado, suado pela manta pesada que os cobria. Sobre a nudez dele, escorriam seus alegres pêlos junto ao peito. Ele estava feliz, apesar do abafo, o sorriso tatuado no rosto sereno denunciava o quanto não queria saber de calores. Estava afinal, onde nunca devia ter saido.
Sete e cinco. Só a sensação dela, afinal não passava de um prolongamento de um sonho matinal e já bem ao de leve, ali só estava um único corpo e a lembrança do cheiro a Denim dos anos noventa, que a fez esboçar um sorriso por cima da dor que sentia.
Levantou-se com a mão sobre o pescoço, doía-lhe mais do que gostaria. Abriu a bolsa das drogas e antes de qualquer outro alivio, encheu um copo com água e engoliu em esforço a pílula alaranjada. Hoje só o poderia mastigar, engolir seria imprudente  naquele estado doente.
No entanto atreveu-se a pensa-lo a dormir. Como estaria a dormir? Suado? não pela manta de lãs coloridas, mas quem sabe por um sonho fermentado a desejo? Mastigou esse pensar, travou um gole no café forte da manhã e pelo cheiro aromático pensou como o tragar.
Olhando pela janela que dava para as traseiras, falou alto, inteira e integra como sempre. “- Trago-te como que dentro de uma caixa de costura, em que as linhas se enrolam unidas num novelo de finas linhas coloridas, emaranhadas confusas e chatas! Na confusão alegre de cores, moram as traiçoeiras agulhas perdidas, prontas a espetar, piores que farpas de uma madeira antiga, robusta e maciça no meu sentimento fragilizado!”
Arrancou da dormência de o ter junto a si, sem esse existir de facto, nem sabendo ao certo se estaria ali mais do que um sentimento do pensar vir a ter um outro igual, num outro qualquer dia.
Sete e trinta e cinco. Saíu atrasada...